Operação do Bope que levou a uma morte buscava foragido de Rondônia que comanda o tráfico na Muzema, diz jornal

O RJ2 apurou que o Batalhão de Operações Especiais (Bope) subiu o Morro Santo Amaro para tentar prender um foragido de Rondônia que passou a comandar o tráfico na Muzema.

Luiz Carlos Bandeira Rodrigues, o Zeus, estaria escondido na comunidade. De acordo com as investigações, ao se esconder no Rio, ele passou a financiar a expansão do Comando Vermelho pela Zona Oeste.

A reportagem apurou que Zeus não estava no Santo Amaro no fim de semana.

Luiz Carlos Bandeira Rodrigues, o Zeus — Foto: Reprodução/TV Globo



A versão sustentada pelas autoridades até agora fala em uma suposta invasão de bandidos rivais, mas nenhum detalhe foi divulgado: quem invadiria onde, quando e por quê.

O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes, só se pronunciou na manhã desta segunda-feira (9), dois dias depois da operação que interrompeu de forma trágica uma festa junina e deixou um jovem morto e cinco pessoas feridas.

Herus Guimarães Mendes — Foto: Reprodução


No sábado (7), foi divulgada apenas uma nota. No domingo (8), a corporação repetiu o mesmo comunicado.

“Equipes do Bope realizaram uma ação emergencial para checar informações sobre a presença de diversos criminosos fortemente armados reunidos na Comunidade do Santo Amaro, se preparando para uma possível investida de criminosos rivais visando uma disputa territorial na região.”

A nota segue dizendo que “no momento da ação, havia um evento na comunidade.” E que, de acordo com o comando do Bope, “criminosos atiraram contra os policiais nesta região, porém não houve revide.”

Em outro ponto da comunidade, segundo a PM, os criminosos atacaram as equipes novamente, gerando confronto.

Em entrevista ao Bom Dia Rio, a PM falou em erro e que o ocorrido é uma “oportunidade” de aprendizado.

“Os responsáveis pela operação não observaram os protocolos e procedimentos operacionais da corporação. Por conta disso, nós decidimos afastar os oficiais e todos os policiais envolvidos das ruas para que haja lisura nas investigações”, disse Menezes.

“A gente se solidariza com a família. Não é um resultado desejável, mas cada vez mais a gente vai entregar um serviço de qualidade para a população, aperfeiçoando protocolos e procedimentos. É uma oportunidade para a gente estudar a nossa ação”, acrescentou.

Depois da ação da madrugada de sábado, o comandante do Bope, coronel Aristheu de Góes Lopes, e o comandante do Comando de Operações Especiais (COE), coronel André Luiz de Souza Batista, foram exonerados.

Ao todo, 18 policiais militares da tropa de elite estavam no Morro Santo Amaro, mas apenas 12 foram afastados do serviço, por terem participado diretamente da operação.

Todos já foram ouvidos pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e entregaram as armas que usavam na ação.

Uma bala foi retirada do corpo Herus Guimarães, de 24 anos. O exame de confronto balístico pode definir se o disparo partiu da polícia.

‘Operação desastrosa’, diz procurador

O Ministério Público fez uma perícia independente no corpo da vítima. A iniciativa foi determinada pelo procurador-geral de Justiça, Antônio José Campos Moreira, para, segundo ele, garantir uma apuração técnica isenta.

“Essa operação foi um desastre. Uma operação desastrosa, aparentemente não precedida das cautelas devidas, das cautelas necessárias”, disse o procurador-geral de Justiça do Rio.

“Impossível que a polícia não soubesse da realização da festa junina. Mas, ainda que não soubesse, o emprego do drone, a filmagem aérea, a fotografia aérea do local traria essa informação aos policiais”, acrescentou.

“É uma tropa altamente qualificada, muito bem treinada. Daí, a perplexidade e tamanho amadorismo, se é que de fato houve amadorismo. Fundamental apurar o que está por trás desse episódio, porque ou foi muito amadorismo, foi muita irresponsabilidade por parte de uma tropa de elite, ou há algo que tem que ser devidamente esclarecido.”

O jovem Herus foi atingido por dois tiros — um na barriga e outro no quadril.

Um legista e três técnicos do MP acompanharam a necropsia no corpo do rapaz e usaram um scanner 3D, que pode ajudar a definir a trajetória das balas.

O Ministério da Igualdade Racial enviou um ofício endereçado ao governador Cláudio Castro e ao secretário de segurança, Victor Santos.

No documento, a ministra Anielle Franco questiona a motivação pra ação policial e que medidas serão tomadas para reparar a família de Herus e as demais vítimas feridas.

O RJ2 pediu uma entrevista com o governador, mas ele preferiu não gravar. Por enquanto, Cláudio Castro se manifestou apenas pelas redes sociais.

Em comunicado, disse que a ordem é para que as apurações sejam feitas com extremo rigor e agilidade. O governador garantiu que as imagens das câmeras corporais dos policiais serão disponibilizadas.

Nesta terça-feira (10), está marcada uma reunião entre a Polícia Militar e o Ministério Público.

Segundo o procurador-geral de Justiça, o secretário de Polícia Militar se comprometeu a entregar as imagens e todos os detalhes sobre a ação.

O novo comandante do Bope é o tenente-coronel Marcelo Corbage, que estava à frente do Batalhão da Maré. Ele assume o cargo na quinta-feira (12).

Por Bette Lucchese, Adriana Cruz, Leslie Leitão, Lucas Soares — RJ2

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