Um novo estudo do Instituto Trata Brasil, divulgado nesta segunda-feira (24), lança um olhar alarmante sobre o desperdício de água em Porto Velho. Diariamente, o município perde um volume hídrico equivalente a 9 piscinas olímpicas devido a falhas na distribuição ou nas ligações. Em termos práticos, esse volume representa o desperdício de 30.726 caixas d’água de 750 litros a cada 24 horas.
Com essa perda diária, seria possível abastecer 34.644 pessoas na capital rondoniense ou, pelo menos, quatro cidades inteiras de Rondônia: Campo Novo, Governador Jorge Teixeira, Chupinguaia e Mirante da Serra. A população destas cidades, somadas, chegam próximo do valor alcançado pelo Trata Brasil.
O cenário em Porto Velho reflete uma ineficiência nacional. O estudo aponta que, no Brasil, impressionantes 40,31% da água tratada se perdem antes de chegar às torneiras. Anualmente, as perdas nas redes somam 5,8 bilhões de m³, volume suficiente para abastecer cerca de 50 milhões de brasileiros.
“Ainda vemos um progresso tímido nos índices de redução de perdas de água, enquanto milhões de brasileiros continuam sem acesso regular e de qualidade à água potável… Perdemos diariamente mais de 6,3 mil piscinas de água potável, um exemplo alarmante de ineficiência. Além de comprometer o suprimento de água para a população, esse volume perdido provoca impactos ambientais severos, especialmente em um cenário onde o Brasil já sente os crescentes efeitos das mudanças climáticas,” explicou Luana Pretto, presidente executiva do Trata Brasil.
Realidade de Rondônia e o Desafio Climático
O estado de Rondônia também apresenta números preocupantes: o índice de perdas equivale a 25 piscinas olímpicas por dia, ou 82.714 caixas d’água de 750 litros. Esse volume desperdiçado poderia, por si só, atender 140.409 pessoas– um dado grave em um estado que ainda luta pela universalização do saneamento básico.
O “Estudo de Perdas de Água de 2025” destaca que o problema é acentuado pela desigualdade regional. Conforme explica Gesner Oliveira, Professor da EAESP-FGV e Sócio-Executivo da GO Associados.
“Os piores indicadores estão concentrados justamente nas localidades com menor capacidade de investimento e maior vulnerabilidade institucional. Esse quadro tende a se agravar em um contexto de mudanças climáticas… Reduzir perdas de água não é apenas uma agenda de eficiência operacional, mas uma medida de adaptação climática.”
O especialista ainda aponta o benefício econômico: cumprir as metas regulatórias de perdas até 2033 pode gerar benefícios líquidos da ordem de R$ 17 bilhões, fortalecendo a resiliência hídrica dos municípios.
Metas de Eficiência
A Portaria 490/2021 do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) estabelece a meta para a excelência em perdas de água: um município deve ter, no máximo, 25% de perdas na distribuição e 216 L/ligação/dia até 2034. Os dados atuais de Porto Velho e Rondônia indicam que há um longo caminho a ser percorrido para atingir esses patamares de eficiência.



