Com a chegada das férias escolares, o tempo de crianças e adolescentes diante de telas tende a aumentar, e, com ele, os riscos no ambiente digital. Jogos on-line, redes sociais e aplicativos de mensagem passam a ocupar boa parte do dia, especialmente quando os pais seguem trabalhando. Especialistas em tecnologia alertam que o período exige atenção redobrada, definição de limites e orientação constante.
Segundo os coordenadores de Ciências da Computação da Afya, José Rodolfo (Afya Ji-Paraná) e Liluyoud Lacerda (Afya São Lucas), a ausência da rotina escolar amplia a exposição a conteúdos inadequados, contatos com desconhecidos e comportamentos perigosos, como desafios virais e superexposição de dados pessoais. “Durante o recesso escolar, o aumento do tempo conectado amplia vulnerabilidades. Sem acompanhamento, crescem os riscos à saúde mental, ao desempenho escolar e à segurança”, destaca José Rodolfo.
Os especialistas apontam três frentes principais de atenção: conteúdo, contato e comportamento. Crianças podem acessar materiais impróprios; adolescentes ficam mais suscetíveis a abordagens indevidas em jogos e redes; e o uso excessivo pode desencadear ansiedade, distúrbios do sono, isolamento social e queda no rendimento escolar.
Liluyoud Lacerda chama atenção para sinais de alerta que não devem ser ignorados: irritabilidade ao interromper o uso, isolamento, alterações no sono, dores de cabeça e queda de concentração. “Quando o uso deixa de ser saudável, é preciso intervir com diálogo, ajustes de rotina e novos limites”, orienta.
Tempo de tela e equilíbrio
As recomendações variam por idade, mas o consenso é priorizar qualidade e acompanhamento: evitar telas até os 2 anos (exceto videochamadas), limitar a 1 hora diária entre 2 e 5 anos, de 1 a 2 horas para crianças e estabelecer limites claros para adolescentes, preservando sono, atividades físicas e convivência familiar.
Manter perfis privados, criar senhas fortes com verificação em duas etapas e desativar geolocalização são medidas básicas. Ferramentas como Google Family Link, Tempo de Uso (iOS), Microsoft Family Safety e aplicativos especializados ajudam a controlar horários e conteúdos — sempre com transparência. “Monitorar não é espionar. O acompanhamento deve ser combinado, explicado e adequado à idade, para proteger sem quebrar a confiança”, afirma Liluyoud.
Contato com desconhecidos e a lei
O contato com estranhos pode evoluir para manipulação emocional, extorsão e aliciamento (grooming). A legislação brasileira — Marco Civil da Internet, LGPD e ECA — garante proteção aos menores e responsabiliza plataformas. Em situações de risco, é essencial registrar provas, acolher a criança e denunciar por canais oficiais, como Disque 100 e SaferNet Brasil. “A melhor proteção combina tecnologia, regras claras e afeto. As férias são uma oportunidade de fortalecer vínculos e ensinar responsabilidade digital”, conclui José Rodolfo.



